Cyber threats

O Brasil no Top 10 de ataques DDoS: um alerta para a segurança digital

A ascensão do Brasil no ranking global de ataques DDoS no Brasil mostra que o país se tornou um alvo crítico na geopolítica digital. Em apenas três meses segundo relatórios da Cloudfare, mais de 20,5 milhões de ataques DDoS foram registrados globalmente, um salto impressionante de 358% em comparação ao ano anterior (e 198% acima do início de 2024).  A própria Cloudflare reportou ter bloqueado esse volume massivo de tentativas no 1º trimestre, incluindo mais de 700 ataques “hipervolumétricos” (acima de 1 Tbps de tráfego cada), uma média de oito megataques por dia. Esses números assombrosos ilustram como os ataques de Distributed Denial of Service (DDoS) voltaram a subir exponencialmente, alimentados por agentes de ameaça cada vez mais audaciosos e uma superfície de ataque digital em expansão.  Nesse contexto global turbulento, o Brasil desponta simultaneamente como vítima frequente e fonte emergente dessas ofensivas, configurando um cenário de duplo risco que acende um sinal de alerta para a segurança digital no país. Crescimento global e o papel do Brasil nos ataques DDoS em 2025 Relatórios recentes elaborados pela Cloudfare confirmam que o Brasil está entre os 10 países mais visados por DDoS no mundo. No ranking da Cloudflare para o 1º trimestre de 2025, o país ocupou a 6ª posição em quantidade de ataques recebidos, mantendo-se exatamente na mesma posição de alto risco já registrada no final de 2024.  Essa persistência no Top 10 indica que os fatores que tornam o Brasil um alvo atraente são estruturais e contínuos, não apenas eventos pontuais. De fato, somente no segundo semestre de 2024 o Brasil sofreu mais de 514 mil ataques DDoS. O maior desses atingiu picos de 788 Gbps de banda e 251 milhões de pacotes por segundo, magnitude capaz de congestionar praticamente qualquer infraestrutura. Ou seja, mesmo antes da onda global de 2025, o país já enfrentava um volume e intensidade elevadíssimos de ataques. Paralelamente, o Brasil também se destacou como foco de origem de tráfego malicioso. No começo de 2025, o país saltou para a 6ª posição entre as maiores origens de ataques DDoS do mundo, subindo sete colocações em relação ao relatório anterior. A ascensão do Brasil como ponto de origem de tráfego malicioso revela falhas estruturais de segurança em ISPs e a falta de hardening em dispositivos conectados. Por que o Brasil virou origem de tantos ataques DDoS em 2025 Uma série de fatores estruturais, tecnológicos e sociais transformou o país em terreno fértil para a proliferação de botnets e a execução de ataques de negação de serviço: Em números: 514 mil ataques em apenas seis meses; picos de 788 Gbps/251 Mpps; 6ª posição tanto como alvo quanto como origem de DDoS em 2025. Esse avanço sugere uma proliferação alarmante de redes zumbis dentro do território nacional, dispositivos comprometidos (desde computadores e servidores até câmeras e IoT) recrutados por botnets para disparar ataques. Em outras palavras, além de ser alvo, o Brasil tornou-se um notável exportador de ataques, evidenciando falhas de segurança generalizadas que permitiram a infecção em larga escala de ativos domésticos.  Esse fenômeno traz riscos duplos: não só contribui para ameaças globais, mas também pode facilmente se voltar contra infraestruturas brasileiras, caso essas botnets locais sejam direcionadas a alvos internos. Ademais, tal notoriedade negativa pode levar a bloqueios preventivos de endereços IP brasileiros no exterior, prejudicando tráfego legítimo e a reputação digital do país.  O recado é claro, o panorama de ameaças DDoS no Brasil é crítico e persistente, requerendo uma estratégia robusta e coordenada de mitigação a longo prazo, em vez de meras reações pontuais. Setores mais visados e impactos operacionais e financeiros Nem todos os alvos são atingidos por DDoS com a mesma frequência ou impacto, os agressores tendem a mirar setores cujos serviços são críticos ou cuja indisponibilidade gera maiores prejuízos.  No cenário global, por exemplo, o setor de Jogos de Azar e Cassinos liderou a lista de alvos no início de 2025, seguido de perto por Telecomunicações e Serviços de Internet. Esse padrão também se reflete no Brasil, ainda que com particularidades locais.  Os setores mais visados em ataques DDoS e os potenciais impactos Infraestrutura de Telecomunicações e Internet Provedores de telecom (operadoras de telefonia, internet e data centers) estão no topo da lista de vítimas de DDoS no Brasil. Apenas no segundo semestre de 2024, as operadoras de telecomunicação sem fio sofreram cerca de 48.845 ataques DDoS, com picos de tráfego chegando a 433 Gbps.  Em segundo lugar, ficaram os grandes provedores de hospedagem e infraestrutura de TI. A razão é estratégica, derrubar um provedor fundamental cria um efeito cascata, um ataque bem-sucedido a uma grande telco pode degradar o acesso à internet de milhares de empresas e usuários, enquanto atingir um provedor de nuvem/hospedagem tira do ar inúmeros sites e serviços de uma vez.  Em suma, os atacantes miram esses setores pela possibilidade de causar danos colaterais em larga escala, maximizando o impacto de uma única ofensiva. Isso torna a proteção de telecom e backbone da internet uma prioridade nacional, já que a indisponibilidade ampla desses serviços críticos repercute em toda a economia. Serviços Financeiros e Saúde Instituições financeiras figuram consistentemente entre os alvos preferenciais de criminosos digitais. Globalmente, no 1º tri de 2025, o segmento de Fintech/Financeiro concentrou 54% dos ataques DDoS de aplicação e 22% dos de rede, liderando as estatísticas em nível mundial.  O setor financeiro concentra mais da metade dos ataques de aplicação no mundo, com destaque para fintechs e bancos digitais que operam 24/7. Um ataque de 30 minutos pode interromper milhões em transações e provocar reações em cadeia no mercado. No Brasil, não por acaso, bancos comerciais aparecem entre os setores mais atacados (6ª posição em volume de ataques no fim de 2024). A motivação é clara, serviços financeiros lidam com transações vitais e dados sensíveis, de modo que uma queda de sistema provoca interrupção de pagamentos, prejuízo imediato e perdas de confiança.  Além disso, ataques DDoS muitas vezes servem de cortina de fumaça para invasões mais graves, como roubo de dados e